Com olhar singelo, mas atento contemplo o mundo, com olhar espiritual vislumbro, o que, muito poucos veem e sentem. Sou um empírico, pois experimento na prática. Gosto de cheiros característicos, de perfumes que marcaram minha infância e adolescência, o cheiro do perfume das flores, de terra molhada e da comida da minha avó. Amo os sabores e as emoções, como o da comida caseira da minha mãe e das emoções que vivi nos bons e maus momentos da minha história. Alguém disse que recordar é viver, eu digo viver duas vezes.
Porém hoje, ás vezes sinto que não vejo, mas sou eu o próprio olhar, ás vezes não escuto, sou o próprio silêncio. Há um sentimento que parece diluir-me no vácuo transcendente. Sinto as batidas dos universos, os sopros da consciência, mas não estou no vazio, entro no vazio e existo para lá da existência. Nas profundezas do meu ser eu mergulho e vislumbro lugares que só eu posso ver, pois só eu me conheço. Dentro de mim existem coisas belas e selvagens, algumas que me dominam, outras que são dominadas por mim. Emoções frias aquecidas pela adrenalina do momento, coisas que nem sempre são possíveis controlar.
No meio das trevas, vivo na luz de Cristo. Num mundo de lágrimas e gemidos, um sitio onde fica muito por dizer. Um lugar sem abraços verdadeiros, onde se teme perder segredos bem guardados. Mas vivo com a certeza de que nem só de sorrisos, abraços e beijos vive o homem.
Nada fica em minhas mãos para sempre, sei bem disto e não me iludo. O tempo não para, não diminui seu ritmo, também não se apressa, apenas segue seu curso. Nesse curso vou eu, descobrindo o novo, recordando o passado e sonhando com tudo aquilo que virá após a minha partida. O que há no porvir depois desta vida? Isso, já outra história. Importante é manter a fé!
Pastor Jair Gouvea